domingo, 23 de maio de 2010

Ame-me.


Então, enquanto acariciava seu rosto e corria seus olhos quase que sem pestanejar, mantendo total atenção em cada traço que a tornava singular, ele abre um sorriso de certeza e satisfação, como se não houvera outro momento melhor em sua vida... Após ter conhecido cada parte de seu corpo, sendo capaz de identificar todo o sombreado de possível existência enquanto a luz toca sua pele, ele diz:

- Eu te amo - Ainda sorrindo, completa - muito.

Ela, com um leve sorriso estampado em seus lábios rubros após desistir de modê-los, sussura:

- Não me ame muito.

Instantanemente, o rosto em que outrora refletira certeza, cobre-se de dúvidas, e com uma de suas sobrancelhas negras, indaga:

-Por que não te amar muito? É possível apenas te amar?

Com um semblante que intacto, ela responde, suavemente:

-Apenas me ame. Não lhe é suficiente?

Com as janelas da alma, ele retruca negativamente, na espectativa de obter detalhes do que ainda não entendera. Ela, que estava deitada de forma que coubesse sem desconforto em sua simplória cama de solteiro, tal qual encontrava-se com as longas cortinas escuras que amenizavam a luminosidade de um fim de tarde, levantou vagarosamente e se apoiou em seu cotovelo, e seus olhos que desenhavam as expressões do rosto que acompanhara cada um de seus movimentos, agora se alimentava de tudo que naquele momento observava, e cada informação parecia transformar-se no que ela tinha para falar, como fitas de DNA sendo transcritas. Finalmente, ela fala:

-Me amar muito é limitado. É como se esse muito pudesse transfomar-se em pouco a qualquer hora. Quanto mais alguém me ama, mais eu corro o risco de perder... A frase "eu te amo" já carrega consigo sua plenitude. "Eu te amo muito". Soa como algo excessivo, como "eu como muito", soa como se precisasse se livrar de muito de já adquiriu, e sua mente diz "isso precisa ser eliminado". Se tem algo a eliminar, é porque há coisa errada. Eu vejo nada errado em me amar. Então apenas me ame... Não tire a eternidade que o amor tiver enquanto isso durar, não limite o horizonte... haverá sempre terra nova. Apenas me ame.

Imadiatamente, ele se levanta apoiando o cotovelo assim como ela, acaricia seu rosto, e se aproxima delicadamente, até sua boca encontrar o canto da boca dela. Assim, ele arrasta até sua orelha, e sussurra palavras, que a arrepiam até o último fio de cabelo. As palavras eram:
"Não é 'muito' de excesso, é de grandioso. Dentro de sua plenitude, eu te amo. Dentro do meu amor, há progressão. Você é meu bem mais errante... e isso já foi eternizado."

Pousando sua boca longe o suficiente para dar a ela a oportunidade da fala, finalizando o momento tão sublime.

-Eu te amo. Muito.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Vivencilhar


Mas que monte de flores
De tão variadas cores
Onde se encontram os meus amores
Despertando todos os ardores...

Desvanecer num sentimento
Coração geme lamento
E nos espinhos é detento
Eis seu sofrimento...

Sonorizar
Enfatizar
Memorizar
Concretizar

Desvencilhar

Finalizar.