domingo, 29 de agosto de 2010

Cor de terra


Sou paciente. O espero aqui, lá, em qualquer lugar.

A valsa de movimentos milimetricamente calculados, absurdamente destroçados após um olhar meramente simpático.

Sou paciente. O espero aqui, lá, em qualquer lugar.

No desajeito de mim, desejo profudamente seus olhos caramelados ainda fixos no que já se tornara uma face avermelhada.

Sou paciente. O espero aqui, lá, em qualquer lugar.

Seu sotaque característico que gritou atenção, sutilmente aborda-me afirmando querer me ver novamente, que transbordo alegria.

Sou paciente. O espero aqui, lá, em qualquer lugar.

Por dias desejos se encontraram e deveres nos afastaram. O que são algumas horas quando se quer de verdade? Assim largou-me, desapontado.

Sou paciente. O espero aqui, lá, em qualquer lugar.

Lavei minhas mãos de qualquer culpa, até o estopim me fazer querer sua pele dourada e sua força ao me puxar para si, de volta.

Sou paciente. O espero aqui, lá, em qualquer lugar.

Me fez voltar com a mesma velocidade em que meu coração batia, dizendo "eu o quero". Mas por que não olhas? Me entristeço.

Sou paciente. O espero aqui, lá, em qualquer lugar.

A mais bela noite de vastas explosões, vivida como a sombra que o deseja, vendo debaixo seu olhar encantado pelas luzes acima.

Sou paciente. O espero aqui, lá, em qualquer lugar.

Nada mais vale o lamento, agora sou o que sempre fui. Negadora de adrenalina e destruidora de promessas. Não devolveu o olhar esprançoso, apenas correram os olhos.

Sua carne tão longe, hoje não me abandona em meus sonhos;
Mas sou paciente. O espero aqui, o espero lá, e estou esperando-o em qualquer lugar....
E que no próximo ano me tenha em seus braços.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Limite do Desejo


E voltamos para onde eu pensei ter fugido e me salvado.
Por quantos dias, noites, noites e mais noites... eu implorei e ajoelhei, o quanto eu chorei;
Por tudo que eu mais amei, supliquei jamais passar de novo, o que eu houvera passado.

Não há palavras, não há caminho, não há nada que seu filho possa recorrer
Enquanto ele clama "quero viver!"
"Peço-lhe perdão, meu filho, por tamanha atrocidade. Queria que nada desse errado, mas não conheces a verdade. Não tens culpa da injustiça da vida, voltarás quando tiver a oportunidade."

O amargo contraste doce que saliva em minha boca, demasiado desprazer do homem;
Confiei mais uma vez, no que nos alimenta, enquanto eles, porcos imundos, só comem.
Por um momento, tornei-me minha mãe, tornei-me de quem sou fruto
Tive dó, mas não piedade, sou pobre o bastante até para rimar.

Chega de adiar, vou parar de fugir, tenho que encarar a decepção de ver o "eu" de você, agora
Não vou deixar o que te cobre cair, pois vou segurar, vou tirar antes da hora
Não há com quê se surpreender, sei que era o que eu esperava
Que na verdade nunca esperei, mas compreendi a necessidade do "basta" que desde sempre se encaixava.

Agora eu sei por que não se é maduro mesmo sendo adulto.
Nunca estamos preparados para crescer, porque temos a responsabilidade das decisões;
Não é isso que eu quero, nunca quis que fosse, mas, se você não quer, quem sou eu para querer sozinha?

Retomo a rima para concluir, em outra estrofe, mas não por rimar, e sim pela necessidade do emprego das palavras:
Isso é o que eu quero; Nunca me foi tão desesperador depois de todas as reflexões
Acabar com a farsa de todos os borrões
Destruir na raça, todos os corações
Me livrar d'um fardo em todas as emoções
E viver de verdade, sem todas essas ilusões.

quinta-feira, 17 de junho de 2010


- Devolva-me o o chá, devolva-me a xícara de chá!
- Mas você nem gosta de chá...
- Pouco importa, devolva-me!
-
- Devolva-me o café, devolva-me a xícara de café!
- Por que fazes tanta questão de seu café?
- Pouco importa, devolva-me!
-
-Tome seu chá, tome seu café
- Dê-me a xícara!
- Aqui está.
-
Então, joga-se fora o passado, livra-se da ocupação da boca
Em meio a calmaria oca
E a agitação
Faz-se do amor
Uma canção.

domingo, 23 de maio de 2010

Ame-me.


Então, enquanto acariciava seu rosto e corria seus olhos quase que sem pestanejar, mantendo total atenção em cada traço que a tornava singular, ele abre um sorriso de certeza e satisfação, como se não houvera outro momento melhor em sua vida... Após ter conhecido cada parte de seu corpo, sendo capaz de identificar todo o sombreado de possível existência enquanto a luz toca sua pele, ele diz:

- Eu te amo - Ainda sorrindo, completa - muito.

Ela, com um leve sorriso estampado em seus lábios rubros após desistir de modê-los, sussura:

- Não me ame muito.

Instantanemente, o rosto em que outrora refletira certeza, cobre-se de dúvidas, e com uma de suas sobrancelhas negras, indaga:

-Por que não te amar muito? É possível apenas te amar?

Com um semblante que intacto, ela responde, suavemente:

-Apenas me ame. Não lhe é suficiente?

Com as janelas da alma, ele retruca negativamente, na espectativa de obter detalhes do que ainda não entendera. Ela, que estava deitada de forma que coubesse sem desconforto em sua simplória cama de solteiro, tal qual encontrava-se com as longas cortinas escuras que amenizavam a luminosidade de um fim de tarde, levantou vagarosamente e se apoiou em seu cotovelo, e seus olhos que desenhavam as expressões do rosto que acompanhara cada um de seus movimentos, agora se alimentava de tudo que naquele momento observava, e cada informação parecia transformar-se no que ela tinha para falar, como fitas de DNA sendo transcritas. Finalmente, ela fala:

-Me amar muito é limitado. É como se esse muito pudesse transfomar-se em pouco a qualquer hora. Quanto mais alguém me ama, mais eu corro o risco de perder... A frase "eu te amo" já carrega consigo sua plenitude. "Eu te amo muito". Soa como algo excessivo, como "eu como muito", soa como se precisasse se livrar de muito de já adquiriu, e sua mente diz "isso precisa ser eliminado". Se tem algo a eliminar, é porque há coisa errada. Eu vejo nada errado em me amar. Então apenas me ame... Não tire a eternidade que o amor tiver enquanto isso durar, não limite o horizonte... haverá sempre terra nova. Apenas me ame.

Imadiatamente, ele se levanta apoiando o cotovelo assim como ela, acaricia seu rosto, e se aproxima delicadamente, até sua boca encontrar o canto da boca dela. Assim, ele arrasta até sua orelha, e sussurra palavras, que a arrepiam até o último fio de cabelo. As palavras eram:
"Não é 'muito' de excesso, é de grandioso. Dentro de sua plenitude, eu te amo. Dentro do meu amor, há progressão. Você é meu bem mais errante... e isso já foi eternizado."

Pousando sua boca longe o suficiente para dar a ela a oportunidade da fala, finalizando o momento tão sublime.

-Eu te amo. Muito.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Vivencilhar


Mas que monte de flores
De tão variadas cores
Onde se encontram os meus amores
Despertando todos os ardores...

Desvanecer num sentimento
Coração geme lamento
E nos espinhos é detento
Eis seu sofrimento...

Sonorizar
Enfatizar
Memorizar
Concretizar

Desvencilhar

Finalizar.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Palavras de meus olhos


Hoje eu só quero falar, falar, falar... E não dizer nada.
Minhas ideias adversas agora entram em conflito
Escrevo para você, escrevo para mim
Mas a veracidade do destino vai além de quaisquer carnes.

Dos outros construo a minha história, de mim, construo minhas ideias
Minhas pretenções adversas agora entram em conflito
Construo a partir do cerne, construo a partir do viver
Mas a veracidade de criar vai além de quaisquer experiências.

Bom é não ter mais palavras, e de ideias alheias, nascer mais uma estrofe:
Quero um amor que eu não tenha que amar;
Quero expirar minhas dores e inspirar os ardores;
Quero me afastar e trazer para perto...

Pertencendo a primeira e terceira pessoas,
Nunca quis tanto tudo, nunca quis tanto nada
Minhas utopias adversas agora entram em conflito
Mas a veracidade do desejo... É desejar que fosse apenas diferente.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Impressão digital - ID


Eu sou uma menina má. Nem sempre fui assim, mas uma vez que a plena inocência me tomava como refém, e a tudo eu amava com cada molécula de meu ser.
Não sou uma pessoa ruim, sou apenas o reflexo perfeito do amor próprio. Eu amo a vida. Eu amo a
minha vida, por amis tudo que ela possa parecer. Eis meu bem mais precioso: Eu. Uma orgia de personalidades, guerreira de minhaas certezas e almejos; Sou a mais racional hedonista, sou fruto do amor, tal qual como do desejo, do prazer. Antônima de mim mesma, possuo as mais adversas ideias, de forma harmônica e sedutora, me trazendo compreensão para com o mundo.

Eu sou quem eu quero ser. Eu sou quem você quiser que eu seja. Serei seu bem, seu mal, mas serei sempre minha, A inocência fôra roubada, levaram-na sem piedade, sem nem mesmo despedida. Por um lado foi bom, pois não tenho mais vendas, agora enxergo todas as cores, e a ausência delas. O lado ruim é que sempre haverá
o lado ruim. Quando você quer ver apenas o lado bom, não há nada que possa cobrir o que no te interessa ver, pois agora os dois, se tornaram um só.

Sou uma menina má. O que quer que a vida tenha feito comigo, esta foi uma decisão minha, e não resultado de quaisquer acontecimentos. É a minha
vida, sou dona de mim; Sou nada mais do que quero ser. Má porque não te amarei sem que me ame; má porque não sofrerei se tentares fazer-me sofrer, sofrerás sem que eu de minha inércia, saia. Má, por ser boa e piedosa, pois dentro de minha individualidade, lamentos alheios me correm, ao ver e sentir tanta hipocrisia. Sinto-me tão mal, ao ver separados os seres dos humanos, que, por sua vez, caberia uma separação apenas na gramática da língua.

Escrava de meus instintos, sou maior e mais forte que qualquer muralha chinesa. Num mundo sem
humanos, o que há de errado em ser apenas má?

segunda-feira, 15 de março de 2010

Criação do Meu Eu Lírico


Eu quero prazer. Eu quero sentir meu corpo todo formigar até sentir meus órgãos tremerem de satisfação saciada. Quero sentir meu coração pular carnavalesco em minhas veias, enquanto meu pulmão perde o fôlego e minha pele recebe os toques mais intensos e delicados marcantes, exatamente na linha que percorre todos os sentidos, dos quais explodem em perfeita harmonia. Eu quero enxergar em meio à visão turva, movimentos de desejo correndo pelo meu corpo; Quero ouvir a ofegante respiração vindo de cois corpos, um com sede do outro, expondo tudo que têm de mais forte e profundo, tudo que têm de mais bonito... Quero não soltar, quero não acabar; quero um incêndio de frisson que se alastra e mantem meus músculos individuais se contraindo, e inúmeos espasmos hípnicos. Eu quero querer gritar e não ter forças, mas continuar me aprofundando e conhecendo o meu melhor em um mergulho de múltiplas sensações, suprindo essa ansiedade que me causa mais necessidade de. Quero exprimir nas faces mais peculiares os sentimentos mais belos, em que sua melhor utopia se torna obsoleta perante eles. O momento é agora, ser consumida pelos próprios almejos, que pecam por serem tão singulares. Por mais errantes, eu quero é prazer!